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Falta de auxílio às mães da Universidade Federal de Uberlândia

Os desafios que mães e gestantes enfrentam no ambiente universitário


A Universidade Federal de Uberlândia conta com 22.453 alunos, porém apenas 48 recebem o auxílio creche para seus filhos, sendo do valor de R$ 300,00. Após uma conversa com a Mara Rubia, professora da faculdade de educação da UFU, idealizadora do projeto Materniência, mãe do Enzo e pós-doutoranda no programa de pós-graduação em estudos e linguística, foi possível notar a dificuldade que as mulheres passam dentro da graduação enquanto mães. Com o baixo auxílio financeiro e a escassez de uma rede de apoio sólida, muitas mulheres enfrentam obstáculos complicados para se graduarem.





Pergunta: Como foi o processo da sua gravidez estando dentro da UFU? Como foi essa adaptação?


Resposta: Eu entrei na UFU em 2015 e fiquei grávida em 2018, então já surgiu um baque ali do trabalho, de tudo, com essa minha situação, que não é mais a mesma. Uma demanda de exames, dificuldade para andar e precisar pedir para alterar sala porque me colocavam em salas do terceiro andar, em prédios que não tem elevador, e eu falava: eu não consigo. Nesse processo de estar grávida na UFU a mulher gestante se torna o centro das atenções. Então, como a barriga chega primeiro, todo mundo fica: “Nossa, que lindo! Você está linda! Olha o barrigão! O que é?! Que nome que é?” Nunca recebi tanto presente na minha vida, tanto de alunos, quanto de colegas. E quando tive que me afastar, naquele momento em que você está prestes a ter essa criança, as coisas mudam um pouco, porque você já sai do hospital preocupada com o período de licença maternidade. Hoje nós ainda temos um benefício de uma extensão da licença maternidade e não ser só esses quatro meses, mas estender mais dois meses, mesmo assim quando eu me preparo para retornar surge aquele baque de conciliar os horários. Aquela Mara de antes não tinha problema de pegar aula de manhã, tarde e noite, porém surgem várias questões nesse processo como onde eu vou deixar essa criança? Tem o período de ficar estocando leite e para piorar veio a Covid-19.


Pergunta: Como foi se adaptar à nova rotina durante o período da pandemia?


Resposta: Foi muito complicado, porque a gente estava no mesmo espaço, então o Enzo sabia que eu estava em casa, embora trancada em um cômodo. Então mesmo com outra pessoa cuidando, tinham momentos em que meu filho corria e começava a esmurrar a porta. Às vezes em final de aula eu até pegava ele para mostrar para os alunos e ele entender, mas em outros momentos foi conflituoso porque ele, por exemplo,  tirou o modem da tomada. Esse foi um momento muito difícil, porque eu não podia deixar de dar aula e a criança sabia que eu estava ali, então ele queria estar naquele espaço junto comigo.


Pergunta: Você se sentiu acolhida dentro da Universidade como mãe depois que você teve o seu filho? 


Resposta: É muito complexo, porque a gente já começa a sofrer com o estereótipo de gênero quando a gente retorna como mãe. Muitas docentes não são mães, então quando você tem que dizer: “Tenho uma consulta marcada”“Não vou poder ficar o período todo””Não posso pegar disciplina nesse horário” existe um grupo, que pode ser mãe ou pai, que não entende que isso passa a ser uma prioridade. É como se a gente tivesse que esquecer a maternidade e dar conta da demanda cotidiana como antes e esse conflito sempre vai existir. Esse acolher, não é de forma generalizada, mas a gente percebe aquilo que parece um empecilho e passa a ser um empecilho para o outro.


Pergunta: Você conhece algum tipo de auxílio que a UFU oferece para as mães?


Resposta: Não, infelizmente hoje na UFU, só surgiu algo muito recentemente que é o auxílio creche e a mãe que consegue esse auxílio pode receber ele até a criança completar seis anos. Esse auxílio é de apenas 300 reais e ele é suspenso no período das férias, ou seja, no mês de dezembro o auxílio não vai cair. [...] Existe a suspensão desse auxílio, porque a mãe não estaria estudando no período de férias, então não precisa de uma demanda para pagar porque essa mãe deixou de estudar. [...] Não tem como todas as mães conseguirem, não sei como é o processo de seleção, mas é pelo edital e em 2023 só tinham 6 vagas.


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